VATICANO

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REGIÃO NORTE 3

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pois ele me ungiu, para anunciar a Boa Nova”… (Lc 4,18)

Consagrando o óleo da Santa Crisma, vamos nos lembrar que somos ungidos. Através desta unção recebemos o Espírito Santo, o dom do Deus Pai e Deus Filho “para anunciar a Boa Nova aos pobres, proclamar a libertação aos presos e, aos cegos a recuperação da vista; para dar liberdade aos oprimidos e proclamar um ano de graça da parte do Senhor”. (Lc 4, 18-19)

O Espírito Santo no início da vida vocacional do ungido

Toda a obra da Santíssima Trindade na vida da Igreja tem sua fonte na força do Espírito Santo. Por isso, como toda a vida cristã, nossa vida de ungidos deveria manter a estável e pessoal relação com o Espírito Santo.

O Espírito Santo é a Pessoa que inicia, nos mistérios da nossa alma, a graça da vocação.

Podemos observar isso a partir dos primórdios vocacionais do chamado de Jesus: “Segue-me” e da resposta positiva dos fieis, fortalecida no Espírito Santo. Assim, historicamente, surgiram na Igreja várias formas de vida consagrada. Além do monasticismo dos primeiros séculos, temos várias escolas da espiritualidade, por exemplo: basiliana, agostiniana, beneditina, franciscana, dominicana, carmelitana e outras. Hoje, por exemplo, testemunhamos o nascimento de várias novas Comunidades. Quão enorme é a riqueza dos dons do Espírito Santo!

Também nós, refletindo sobre a nossa formação, admiremo-nos como o Espírito Santo enriqueceu dentro de nós os elementos espirituais, pastorais, doutrinais e práticos, tão essenciais, para conquistar a boa formação dos futuros Apóstolos de Jesus.

Vale a pena ainda salientar que o Espírito Santo age na Igreja também através do Magistério. A sucessão apostólica existe para garantir o caminho da Igreja de acordo com a vontade de Deus e do ensinamento do Santo Evangelho.

Submetemo-nos ao Espírito Santo que, na unidade apostólica, garante a nossa unidade doutrinal, moral e espiritual.

O Espírito Santo no tempo do amadurecimento

É certo que no dia-a-dia da nossa vida de ungidos, o Espírito Santo nos fortalece e nos renova. Faço uma pergunta a todos: Nós temos conseguido nos abrir a Ele, vivendo em submissão ao Senhor?

O celibato, por exemplo, deveria expressar a nossa total dedicação a Deus, nas pessoas dos irmãos e irmãs. Lembremos disso: Somos dispostos a viver o Amor Trinitário na mesma intensidade que Jesus viveu?

Jesus cumpriu a vontade do Pai (Jo 4,34). Destaco aqui a importância da obediência, que também se expressa em relação aos Superiores. O exemplo que temos é a beleza da submissão do “Filho”, que é bem diferente da submissão de um escravo, que se baseia sempre na dimensão do diálogo, em vez do “timor Domini”.

Sendo assim, constatamos que a obediência vivida com dedicação e amor à Igreja, reflete a harmonia do Amor entre Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo.

O Espírito Santo, formando-nos, mostra ainda a beleza dos conselhos evangélicos. Apesar de nós não fazermos o voto de pobreza, não podemos viver apegados aos bens materiais. Por isso, é muito necessária a relação fraterna entre nós, no sentido de “um só espírito e um só coração” (At 4.32), sensibilizando-nos com as necessidades uns dos outros.

O sopro de Espírito Santo, enfim, rejuvenesce o nosso trabalho missionário. Se nos abrimos ao Espírito Santo, acolheremos Jesus Silencioso, Jesus Humilde e Jesus Misericordioso. Por isso, sentimos necessidade da oração contínua, que fundamenta qualquer pastoral, que nos leva enfim a uma conversão sincera.

Neste contexto, acolhemos a alerta do nosso Papa Francisco. Ele nos diz: ‘quem se fecha ao Espírito Santo está perdendo o sentido da vida de ungido. O fechamento ao Espírito Santo nos leva a perder o entusiasmo. Muitas vezes pensamos somente em como sobreviver e passar as dificuldades, nos enchendo de medos. Aos poucos, trancamo-nos em nossas casas, em nossos esquemas da vida, com a forte tendência de contemplar os gloriosos acontecimentos do passado. Muitas vezes queremos fugir dos desafios atuais, nos preocupando mais em preservar as velhas estruturas e as velhas construções, do que aceitar os desafios e os novos carismas do Espírito Santo. A tentação de querer apenas “sobreviver”, nos faz esquecer a graça do Espírito Santo que acompanha nossa vocação. E assim, em vez de sermos os pais e os irmãos da Esperança, nos tornamos os profissionais “ad sacrum”. (Conf. Homilia do Papa no dia vida Consagrada – 02/02/2017)

Faço, então, uma pergunta: Analisando nosso trabalho e nossa vida, é isso que o Espírito Santo quer de nós?

Não podemos nos esquecer, em meio ao nosso ativismo, que somente Deus é a fonte da atividade pastoral do ungido e somente Ele tornou-se parte da sua herança. (Sl 15)

A definitiva e a escatológica conclusão da vida do ungido

O mesmo Espírito Santo que nos escolheu, nos ajudará a concluir a nossa missão de ungidos. Ele nos ajudará a abrir nossas mentes e os nossos corações, depositando neles o “vinho novo”. Ele nos levará à plenitude da vocação e da obra Dele em nós, para que possamos louvá-Lo por toda a eternidade.

“O Espírito do Senhor está sobre mim, pois Ele me ungiu, para anunciar a Boa Nova” … (Lc 4,18)

Aos irmãos e irmãs aqui reunidos, peço com muita caridade: Permaneçam unidos aos vossos sacerdotes, com carinho, afeto e oração, para que eles sejam sempre Pastores segundo o coração de Deus.

Caros Sacerdotes, peço a Deus Pai que renove em nós a graça do Espírito de Santidade com o qual fomos ungidos. Assim, nosso povo sentirá que de fato somos discípulos e missionários de Jesus Cristo, para levar às nossas ovelhas, com nossas palavras e exemplos, este óleo da alegria, que nos veio trazer a alegria de Nosso Senhor.

Peçamos ao Espírito Santo: seja sempre o nosso Guia, confirma-nos em Sua Paz e nos leve, juntamente com as ovelhas que nos foram confiadas à Plenitude e perfeição do próprio Cristo, Senhor Nosso.

Dom Romualdo Matias Kujawski

Bispo Diocesano de Porto Nacional-TO

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