Na simplicidade de uma criança encontramos a inspiração para refletimos sobre a profundidade do Natal em nossa vida. Hoje quem nos ajuda a refletir sobre o seu significado é o Padre Marcos Aurélio R. Alves, da Paróquia Nossa Senhora da Abadia de Gurupi – To.
Desejamos que todos os irmãos e irmãs da nossa Diocese de Porto Nacional possam viver este dia no mais profundo sentimento de alegria que brota pela vida nova que nasce em nossos corações: Jesus Cristo.
Então é Natal, festa da Salvação.
A Salvação é um gesto profundo de um amor humilde. É salvo aquele que ama e permite em sua totalidade ser envolvido pelo amor de Deus. No sim de Maria e de José o universo é totalmente envolvido por este amor sem limites que se revela a nós na suavidade do rosto de uma criança.
Um dia, uma mãe acompanhada de seu filhinho entrou numa Igreja e foram contemplar o presépio. A criança, diante do presépio, perguntou-lhe: “mamãe, porque Deus nasceu tão pequeno?”
A mãe, olhando para a elegância do Menino Jesus deitado na pobreza da manjedoura, respondeu-lhe na simplicidade de seus argumentos e na grandeza de sua fé: “porque Ele precisa crescer”. A criança perguntou-lhe novamente: “mamãe, Deus deixou de ser Deus?” A mãe disse-lhe: “não, Ele apenas se diminuiu para nos amar”.
A princípio parecem-nos respostas ingênuas para perguntas tão sábias. Quais seriam as nossas respostas mediante perguntas tão pertinentes?
Jesus é o Verbo Encarnado – O Homem-Deus, homem em plenitude, Deus em totalidade. Nenhum homem nasceu para ser pequeno. O pecado diminui a humanidade e, para nos resgatar e nos fazer cidadãos do céu, o amor de Deus o diminui a si mesmo sem que o fizesse deixar de ser Deus (cf. Fl 2,6-11).
A humanização de Deus define toda a grandeza existência humana e divina. Ao tocar o ponto mais baixo, Deus nos aponta para o alto porque nos revela um amor infinito.
No mistério de seu Natal Deus nos ensina que somos definidos pelo amor, por uma grandeza espiritual e não pelos nossos pecados, ou pela pequenez do nosso egoísmo que nos fecha a nós mesmos.
Deus nasceu pequeno para caber na pequenez do meu e do seu coração e assim nos dizer que embora diminuídos pelas seqüelas do pecado, nascemos para ser grandes, tanto quanto o seu amor que se revela na simplicidade uma criança. Crescemos na medida em que Deus cresce em nosso coração (cf. Lc 2, 40).
Quando nós nos descobrimos como parte integrante deste mistério de amor, nos Ajoelhamos e adoramos a uma humanidade divinizada na humanização divina. É Deus mesmo quem tange o nosso olhar para esse abismo de grandeza que é o ser humano. Deus precisa crescer em nós!!!
Depois de percorrer o caminho espiritual do advento, celebramos o grande Hoje, eternizado na história da humanidade, o Natal do Senhor! Celebramos o dia maior da história, pleno de calor e iluminação. Celebramos a personificação amor de Deus que aquece e ilumina a humanidade – O Emanuel, o Deus conosco!
A Igreja diz onde, (cf. Lc 2, 15-20) mas não diz quando. Qualquer tempo é tempo para o nascimento do Senhor, pois, seu nascimento é eterno e, por isso mesmo, sempre se atualiza no tempo. O Natal do Senhor é o grande hoje de nossas vidas.
Para o Cristão não é suficiente saber que Jesus nasceu no mundo. Que valor tem Cristo nascer no mundo, se nós não o permitimos nascer em nosso coração, em nossa vida, em nossa família? (cf. Lc 2, 7). É necessário que estejamos mais próximos do Senhor. Natal é, sobretudo, esvaziar-se para acolher.
Hoje admiramos a simplicidade da manjedoura, todavia, devemos nos recordar sempre que ela é conseqüência do nosso fechamento para Deus. Não podemos deixar que Cristo continue sendo enfaixado e colocado na manjedoura por não criarmos lugar para Ele em nosso coração. Deus nos coloca nos caminhos da vida e da liberdade. Ele entra em nosso caminhar para não nos deixar perder do caminho do céu. (cf. Fl 2,15).
Nossa alma contempla, no Hoje de nossa história, no mistério do nascimento de Jesus a humanidade assumida e acolhida pela divindade e a divindade agasalhada na candura de uma criança. Deus cresce em nós quando procuramos semear e viver uma vida edificada na verdade, no perdão, na graça, na justiça, no amor e na paz. Fora destes princípios Cristo continua na manjedoura e muito longe de nossos corações. UM SANTO NATAL!!!
Pe. Marcos Aurélio R. Alves
Gurupi – TO, 24 de dezembro de 2013.